Construção civil e a estratégia do relacionamento

Quem conhece do setor da construção civil sabe o quanto ele é impactado pela economia. O setor é um termômetro, quando começa a dar sinais de retomada é um sinal de que a economia do país começa a melhorar.

As empresas de construção civil estão acostumadas com certa sazonalidade, com ciclos de picos e vales de investimento. O problema é quando os vales, resultantes de longos períodos de baixo investimento, se mostram mais extensos que o costumeiro.

A situação de 2020

As dificuldades que surgiram no ano de 2020 lançaram muitos desafios para todos os setores da economia. Afinal, quem preveria a ocorrência e os impactos de uma pandemia? No setor da construção civil isso não foi diferente. A questão é que tudo ainda é muito incerto. Até quando os efeitos da pandemia serão medidos? Quais dificuldades ainda surgirão?

Vemos como um desses efeitos o aumento dos preços de materiais básicos de construção, tendo por explicação uma elevação na demanda por consumidores pontuais, muito provavelmente motivados pela realização de reformas em seus imóveis. Mas em se tratando de consumo na construção civil, nada que esteja no retrovisor é motivo de expectativa para o futuro. As demandas pontuais devem diminuir tão inesperadamente como aumentaram.

Decerto as empresas passaram, e ainda vêm passando, por dificuldades para se manterem nos negócios.

Portanto isso fez as empresas, em especial as do varejo, movimentarem-se para rápidas adaptações. Como resultado muitas adotaram o omnichannel pela necessidade e em um certo momento precisarão avaliar e estruturar como permanecerão com os atendimentos ao mercado, integradamente ou não.

Uma coisa é certa. Se o setor da construção civil já via como estratégico o gerenciamento de fornecedores, em tempos de demandas incertas e de escassez de insumos isso se torna ainda mais relevante.

Parcerias e relacionamentos

Pode-se dizer que relacionamento com fornecedores é uma evolução de parceria. Enquanto uma parceria geralmente tem prazo para terminar, no relacionamento a troca de benefícios entre as empresas envolvidas costuma ser mais duradoura.

Uma das características do setor da construção civil no Brasil é manter-se sobre práticas tradicionalistas. Isso faz com que prevaleçam parcerias com base nos contatos das pessoas frente aos relacionamentos entre as empresas. Isso certamente traz as suas vantagens, contudo, não deixa de ser um limitador de oportunidades e de crescimento.

Uma das dificuldades em se estabelecer parcerias está na busca por informações, em especial quando o tempo disponível para o processo de orçamentação não é lá muito satisfatório (e normalmente não é). Faz todo sentido participar de uma rede de relacionamentos, uma base estruturada e confiável de informações, que permita encontrar e manter relação com empresas selecionadas do mercado.

Essa base é conhecida como SRM, sigla em inglês para Supplier Relationship Management, ou traduzindo, Gerenciamento de Relacionamento com Fornecedores, ainda pouco conhecida na construção civil, apesar da reconhecida importância que a gestão dos fornecedores possa representar para esse setor.

O entendimento desse conceito, ao ponto que possibilite a sua aplicação, pode trazer diferenças significativas para uma construtora.



Autor: Marco Antonio Portugal
Marco Antonio Portugal. Mestre em Gestão da Inovação e Engenheiro Civil pelo Centro Universitário da FEI, com MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, MBA Executivo em Administração pelo Ibmec e MBA em Administração pelo Centro Universitário da FEI, possui mais de 25 anos de experiência no setor de Construção Civil. Possui certificação como Project Management Professional – PMP® pelo Project Management Institute – PMI.

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