Digitalização da construção civil

A digitalização da construção civil talvez seja o termo propício para, finalmente, atrair esse setor que ainda possui características tradicionalistas, para um forte emprego da tecnologia.

Comparada com outras economias, a construção civil está atrasada no tempo e investe pouco em tecnologia, concluem estudos das empresas McKinseyDeloitte.

E quais seriam essas tecnologias? Aqui entra o motivo da digitalização ser um termo mais adequado e abrangente para o setor.

O seu entendimento deixa claro tratar-se das tecnologias na produção, nos processos de negócio e na gestão.

Na digitalização da construção civil o processo digital está presente (ou deve estar presente) no escritório e no campo. Este pode (ou deve), inclusive, estar presente nos produtos que gera.

Assim, a questão a ser observada aqui é a abrangência da digitalização da construção civil vir a ser uma barreira para o seu próprio avanço.

A digitalização da construção civil

Nessa linha, o estudo da Ili Consulting AG e Siemens revela que as oportunidades criadas pela digitalização da construção civil são infinitas.Contudo, o foco na redução de custos não tem permitido olhar para algo mais importante, a criação de vantagens competitivas genuínas e duradouras.

Algumas iniciativas conquistam a liderança e exercem um certo protagonismo nesse processo. É o que podemos ver, por exemplo, no caso do BIM (Building Information Modeling), ou Modelagem de informação da construção, em português.Não que se queira dizer essa tecnologia, que trata da modelem dos projetos de construção em 3D inteligentes, não ser relevante. Pelo contrário, é por conta disso que essa tecnologia avança e conquista cada vez mais usuários.Entretanto o BIM, por si só, não é suficiente. A ausência em uma construtora de outras tecnologias, algumas até primárias, pode levar a adoção prematura do BIM trazer problemas ao invés de benefícios.

Mas há outros requisitos em jogo, além do que se possa chamar de tecnologias primárias. A pesquisa mundial da Ernst & Young (EY), onde fora excluída a América Latina, revela basicamente a falta de recursos (capital e humano) como sendo impeditivo para o avanço na digitalização da construção civil.

Por onde começar?

Para obter essa resposta é preciso analisar a empresa, de fora para dentro. Primeiro, o que o mercado oferece atualmente e, depois, do que eu necessito primariamente.

As empresas precisam parar de gerenciar o status quo. Um ponto de partida potencial é adquirir uma visão geral das tecnologias e dos produtos que já estão disponíveis no mercado. Eles estão interligados o bastante? Eles tornam possível alimentar dados e informações para uma plataforma, na qual podem gerar valor agregado? Como não será mais possível para uma única empresa oferecer tudo, as empresas devem fornecer um ecossistema em que outros profissionais possam participar.

Os ecossistemas colaborativos são a escolha mais acertada para o processo de digitalização. Não é preciso reinventar a roda, como explica o texto acima do estudo da Ili Consulting AG e Siemens.

Estratégia

No setor da construção, desenvolver o que já existe e ter para si a sua exclusividade ainda é uma tendência considerada como estratégica para criação de diferencial competitivo.

A estratégia para a digitalização está em identificar no que necessito primariamente aquilo que me trará o melhor retorno possível após implantação.Assim, algumas combinações dos melhores números em certas características levariam a definição das prioridades entre as necessidades de implantação:

  • Existência de solução pronta no mercado;
  • Prazo de implantação da solução;
  • Nível de complexidade na utilização e na manutenção do processo digital implementado;
  • Custo de aquisição, implantação e manutenção;
  • Benefício esperado (vantagem competitiva);
  • Aderência aos processos / sistemas legados;
  • Redução de riscos;
  • Garantias de evolução tecnológica da solução.

Sobre o benefício esperado, o estudo da Ili Consulting AG e Siemens traz que:

Um foco excessivamente forte nos ganhos de eficiência desvia a atenção do que é realmente importante: criar uma vantagem competitiva genuína. Contra o cenário da transformação digital, as empresas devem estar dispostas a repensar seus modelos de negócios e romper com eles para que possam descobrir novas perspectivas e maiores vantagens. A digitalização é uma arma poderosa: Ela não deve ser exercida apenas com o objetivo de reduzir custos ou tornar-se mais eficiente ou produtivo.

Esse entendimento, em princípio, pode ser difícil de ser compreendido, em especial para o setor da construção civil, normalmente focado em redução de custos e aumento da eficiência e da produtividade.Uma vantagem competitiva genuína é algo que possua um ciclo mais duradouro e que possa evoluir conforme os negócios da empresa evoluem. Isso está ligado ao que a empresa consegue fazer com a solução e não necessariamente com o que a solução oferece para a empresa.

De pouco adiantaria adquirir e disponibilizar para uso o melhor de certa tecnologia se a equipe da empresa não souber ao certo o que fazer com essa tecnologia. Isso remete ao exemplo do BIM.

Exemplo

Na produção, em vendas, no marketing, no jurídico contencioso, em orçamentos? A combinação das características a serem analisadas em grupos de negócios estabelece como resultado por qual área e por qual processo deve-se iniciar a digitalização.

Vamos concluir que a maior necessidade esteja na área de suprimentos, no processo de cotação de preços.

Em uma visão de vantagem competitiva pode-se dizer que relacionamento com fornecedores é uma evolução de parceria.Enquanto uma parceria geralmente tem prazo para terminar, no relacionamento a troca de benefícios entre as empresas envolvidas costuma ser mais duradoura.

Sem dúvida uma solução tradicional, com base nos contatos das pessoas frente aos relacionamentos entre as empresas, pode até trazer suas vantagens, contudo, não deixa de ser um limitador de oportunidades e de crescimento.

Em princípio, dentre as dificuldades em se estabelecer parcerias, está a busca por informações, em especial quando o tempo disponível para o processo de orçamentação não é lá muito satisfatório (e normalmente não é).Faz todo sentido participar de uma rede de relacionamentos, uma base estruturada e confiável de informações, que permita encontrar e manter relação com empresas selecionadas do mercado. É aqui que entra uma solução que tenha como base um ecossistema colaborativo.

Em suprimentos, essa base é conhecida como SRM, sigla em inglês para Supplier Relationship Management, ou traduzindo, Gerenciamento de Relacionamento com Fornecedores, ainda pouco conhecida na construção civil, apesar da reconhecida importância que a gestão dos fornecedores possa representar para esse setor.

O entendimento desse conceito, ao ponto que possibilite a sua aplicação, pode trazer diferenças significativas para uma construtora.

Conclusão

Em resumo, não adianta sair implantado uma tecnologia, somente porque se empolgou com sua apresentação ou porque ela é uma tendência na concorrência.

Primeiramente é preciso avaliar para decidir por qual e por onde começar a digitalização. Por isso, bem como também para o gerenciamento de todo processo de implantação, você pode contar com a Anuva. Entre em contato conosco e tenha uma avaliação prévia sem compromisso.



Autor: Marco Antonio Portugal
Marco Antonio Portugal. Mestre em Gestão da Inovação e Engenheiro Civil pelo Centro Universitário da FEI, com MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, MBA Executivo em Administração pelo Ibmec e MBA em Administração pelo Centro Universitário da FEI, possui mais de 25 anos de experiência no setor de Construção Civil. Possui certificação como Project Management Professional – PMP® pelo Project Management Institute – PMI.

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