Transparência preservada ao combater corrupção

A Polícia Federal do Brasil executou no dia 17/03/2017 o cumprimento de 309 mandados judiciais relacionados a investigação sobre crimes praticados por fiscais agropecuários federais e empresários desse setor, investigação denominada de Operação Carne Fraca.

Um efetivo de aproximadamente 1.100 policiais federais foram envolvidos nas operações de prisões preventivas e temporárias, conduções coercitivas e busca e apreensão realizados nessa data em 7 estados, sendo essa a maior operação realizada pela PF até então.

Com o propósito da transparência nas suas ações e no atendimento às solicitações da imprensa, a equipe da PF responsável pela Operação Carne Fraca concedeu nesse mesmo dia da operação uma entrevista coletiva, que pode ser assistida abaixo na sua íntegra.

De início, essa coletiva esclarece que não teria sido por coincidência a escolha da data da operação coincidir com o aniversário de três anos de outra operação da Policia Federal, a Operação Lava Jato.

A Lava Jato tem grande repercussão decorrente do seu desdobramento político, que investiga principalmente os crimes de corrupção praticados através da execução de obras contratadas pela Petrobras.

Através da Operação Lava Jato, os setores de óleo e gás e de construção pesada do país sofreram, e ainda vêm sofrendo, grandes baixas nas economias desses setores, afetando empregos e mesmo o mantenimento em funcionamento de algumas das empresas envolvidas.

O ‘tiro’ agora atinge outro setor da economia, o setor agropecuário.

Diferentemente do ocorrido com a Lava Jato e apesar de os desdobramentos serem bastante similares, têm sido a retórica dos políticos e demais autoridades responsáveis por tratar desse assunto.

Os prejuízos causados no setor da economia não viriam das práticas na violação de leis de saúde pública, de corrupção e de lavagem de dinheiro e sim da maneira como esse o caso teria ido a público.

Essa retórica é reforçada através dos números. Quando o país possui mais de 4.300 plantas frigoríficas, a investigação se restringiria a apenas 22 delas, o que insinuaria as plantas não investigadas estarem funcionamento em conformidade e que, diante ao gigantismo do setor, tais fatos seriam insignificantes.

O que precisa ficar entendido até aqui e assim defendido é o mantenimento da obrigação de se praticar total transparência nessas ações, principalmente quando o assunto envolve questão tão sensível como a da saúde pública.

As consequências serão sempre infelizes e inevitáveis e mais uma vez, a transparência deve prevalecer. Não seria através da geração de dúvida ou de insinuações escusas sobre todo um trabalho de investigação que se resolveria o problema.



Autor: Marco Antonio Portugal
Marco Antonio Portugal. Mestre em Gestão da Inovação e Engenheiro Civil pelo Centro Universitário da FEI, com MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, MBA Executivo em Administração pelo Ibmec e MBA em Administração pelo Centro Universitário da FEI, possui mais de 25 anos de experiência no setor de Construção Civil. Possui certificação como Project Management Professional – PMP® pelo Project Management Institute – PMI.

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